Um combustível cada vez mais amigável ao meio ambiente, movimentando o setor de transporte no Brasil. É essa a promessa da mistura de biodiesel no diesel comercializado no País, que passa a ser de 12% no mínimo a partir de março deste ano.
O porcentual foi confirmado no edital do primeiro leilão para aquisição de biodiesel publicado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No leilão anterior, o percentual mínimo obrigatório era de 11%.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, havia confirmado em outubro do ano passado o aumento da mistura para o início deste ano. Segundo Albuquerque, o setor pode receber investimentos entre R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões nos próximos anos para atender a demanda pelo biocombustível.
O plano é que a mistura mínima suba 1 ponto percentual por ano até chegar, em 2023, aos 15%.
Liderança
O Brasil ocupa uma posição de liderança em combustíveis renováveis com o etanol derivado de cana, muito utilizado por automóveis e utilitários leves, mas o País é destaque por ser o primeiro de dimensões continentais a adotar mistura de biodiesel acima de 10%, com legislação definindo o escalonamento até os 15% e a expectativa do setor de alcançar até 20%.
Como funciona
É importante entender como funciona este processo do biodiesel fazer parte do combustível que abastece o Brasil. Tudo começa com a ANP – Agência Nacional do Petróleo, que realiza leilões de compra de biodiesel a cada dois meses. Os produtores oferecem lotes do produto respeitando um preço máximo estabelecido pela agência (R$ 3,271 no último leilão). As distribuidoras, então, adquirem os lotes de acordo com suas estratégias comerciais.
Segundo a Aprobio (Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil), os preços nos leilões variam influenciados pelo câmbio do dólar e também de acordo com questões logísticas e com a estratégia econômica das distribuidoras que compram o combustível.
Os produtores afirmam que não há problemas de oferta no Brasil e que a demanda no leilão foi inferior à oferta. Ainda segundo a Aprobio, a capacidade de produção é de 9,1 bilhões de litros por ano, 3 bilhões a mais do que o consumo esperado em 2019.
De onde vem?!
E de onde vem o biodiesel? Quais são as suas principais fontes no Brasil? Via de regra, o biocombustível é obtido pela combinação química de certos alcoóis a óleos de gordura animal ou óleos vegetais, como o de soja, algodão, mamona ou girassol.
Além dos óleos de origem vegetal, outras matérias-primas têm ganhado mais espaço no uso das usinas de processamento do biodiesel. A gordura animal, subproduto dos frigoríficos no abate de bovinos, aves e suínos, é ainda a segunda maior fonte, com 16,2% de participação em 2018, segundo a ANP. Naquele ano, foram 860,2 milhões de litros de óleo bruto – o que representou uma alta de 19,3% sobre 2017, além de ser o maior volume entregue nos últimos 10 anos.
E há ainda uma outra fonte, que forma um grupo generalista, chamado de “outros”. Essa categoria reúne as fontes de óleo de palma, amendoim, nabo-forrageiro, girassol, mamona, sésamo, canola, milho e óleo de fritura reciclado. Esse grupo saiu de uma participação de 3,5%, em 2016, para 11,3% em 2017.